Ele ergue-se e sobre o rosto pálido, beijando-lhe os olhos cerrados, pensou: ela julga pedir e não sabe quanto dá, fugiu para mim do seu isolamento e não pressente o meu. Só agora a via, aquela ao lado de quem estivera sentado toda a tarde, cego; e viu que tinha mãos e dedos compridos e esguios, lindos ombros, um rosto cheio de medo destinal, de cega ânsia infantil e um saber quase receoso dos deliciosos caminhos e artes da ternura.
«Ele e o Outro» («Klein und Wagner»). Hermann Hesse. Guimarães & C.ª Editores. 1979.